Por Geovane Scheeren | 25/07/2023 - 20:12
Com o passar do tempo, alguns métodos e costumes dos agricultores foram se consolidando na prática agrícola. Porém, com o avanço tecnológico e o crescente foco na sustentabilidade, novas técnicas têm sido estudadas e implementadas para melhorar a eficiência da produção e reduzir os impactos ambientais.
Um dos avanços mais notáveis na viticultura contemporânea é a aplicação da técnica de baixo volume na pulverização de produtos fitossanitários. Essa técnica visa atingir um equilíbrio entre uma aplicação eficiente, garantindo a cobertura necessária, e a redução do volume de calda aplicada, o que resulta em menor consumo de água, insumos e custos operacionais.
A aplicação de defensivos agrícolas utilizando o baixo volume tem se mostrado uma estratégia eficaz para o controle de pragas e doenças na videira. No entanto, é fundamental compreender que o sucesso dessa técnica depende da sinergia entre diversos fatores, o que exige um alto nível de profissionalismo por parte dos agricultores.
Um dos aspectos mais importantes a ser considerado é a qualidade da calda e seu preparo. Ao pulverizar com baixo volume, a quantidade de água por hectare é reduzida, o que pode diminuir o risco de perda do ingrediente ativo e aumentar sua concentração na calda. Isso possibilita um controle mais eficiente do alvo desejado. Entretanto, é crucial conhecer bem os produtos utilizados e evitar incompatibilidades que possam comprometer a eficácia da aplicação.
Outro fator determinante é a aplicação em si. A cobertura do alvo está diretamente relacionada ao tamanho e à uniformidade das gotas. No baixo volume, é necessário utilizar tamanhos de gotas adequados, normalmente classificadas como finas a médias. Para isso, são empregadas pontas de pulverização específicas que produzem gotas uniformes. A escolha da ponta ideal dependerá da cultura, da técnica utilizada e das condições de aplicação.
A avaliação do tamanho das gotas e sua densidade é um bom indicador da eficiência da aplicação. Gotas menores são mais capazes de cobrir todo o alvo e penetrar na massa foliar, sendo indicadas para produtos de ação por contato, como fungicidas e inseticidas. Já gotas maiores são recomendadas para princípios ativos com forte ação sistêmica.
A densidade de gotas (número de gotas por cm²) é um parâmetro que auxilia na verificação da qualidade da pulverização, e o monitoramento pode ser feito mediante a utilização de papeis hidrossensíveis posicionados no dossel vegetativo da videira. Uma densidade de 60 a 70 gotas/cm² é recomendada quando o fungicida age por contato. Já quando o fungicida possui ação sistêmica, a densidade necessária é menor, ficando entre 40 a 60 gotas/cm², pois não exige uma grande cobertura dos alvos. Para a aplicação de inseticidas, a densidade mínima recomendada é de 40 gotas/cm². A fim de evitar a translocação aérea e perdas por deriva, é aconselhável utilizar um diâmetro entre 100µm e 200µm, com uma densidade de 70 a 100 gotas/cm² para obter a melhor eficiência dos fungicidas. Evite ultrapassar o limite máximo dessa faixa de densidade de gotas para prevenir possíveis escorrimentos e perdas ambientais.
A utilização da técnica de baixo volume na viticultura pode trazer inúmeros benefícios, tanto econômicos quanto ambientais. Ao otimizar o uso de defensivos agrícolas, reduzir o desperdício de calda e aumentar a eficiência da aplicação, os produtores podem obter melhores resultados na proteção das plantas e na qualidade dos frutos, além de reduzir os custos operacionais e minimizar o impacto ambiental.
Entretanto, é importante ressaltar que a técnica do baixo volume requer conhecimento, treinamento e cuidado na sua aplicação. A escolha adequada dos produtos, das pontas de pulverização e a correta calibração dos equipamentos são fundamentais para o sucesso da pulverização.
Nesse contexto, é essencial que os agricultores busquem capacitação e orientação técnica para implementar a técnica do baixo volume de forma correta e segura. Além disso, o uso de adjuvantes adequados pode proteger as gotas da evaporação e proporcionar o tempo de vida necessário para completar seu processo.
Em resumo, a aplicação da técnica de baixo volume na cultura da videira representa um importante avanço para a viticultura, permitindo o uso mais eficiente dos defensivos agrícolas, reduzindo os custos operacionais e os impactos ambientais. Com a adoção responsável dessa técnica, os produtores podem colher os frutos de uma viticultura mais sustentável e produtiva.
Créditos: The Drinks Business